Tradicionalmente, os argentinos que podem poupam na moeda americana. Um hábito adquirido para tentar proteger o dinheiro da histórica inflação do país. O governo do presidente Javier Milei quer atrair essa poupança, que pode estar guardada em casa ou em cofres nos bancos, na tentativa de fortalecer as reservas do Banco Central e a economia argentina.
Como informou o Clarín em espanhol, estima-se que os argentinos tenham entre US$ 240 bilhões e US$ 300 bilhões no “colchão” – o que já rendeu o apelido popular de “colchón bank”. Nesta semana, o ministro da Economia, Luis Caputo, anunciou uma série de medidas flexibilizando as exigências para que essa poupança entre no sistema financeiro.
O pacote tem um nome pomposo. Foi batizado de “Plano de reparação histórica da poupança (ahorros, em espanhol) dos argentinos” e elaborado pelo Ministério da Economia, pelo Banco Central e pela ARCA (ex-Afip, equivalente à Receita Federal do Brasil). O objetivo é que os dólares não declarados ao Fisco sejam usados para a compra de bens duráveis – de eletrodomésticos a automóveis e imóveis. Se o anúncio atrair essa poupança, economistas estimam que o consumo seria estimulado e a cotação do dólar cairia.
Mas o economista Lorenzo Siguat Gravina, da consultoria Equilibra, de Buenos Aires, observou que falta “segurança jurídica” para que o resultado das medidas seja importante. O governo ampliou o teto de dinheiro que não precisa ser declarado ao Fisco, o que gerou críticas de alguns setores. “As pessoas podem gastar seu dinheiro (poupança) sem problemas (...). Os gastos de até 50 milhões de pesos por pessoa e por mês não precisarão ser declarados”, disse o ministro Caputo.
A pergunta é se esta flexibilização não abrirá as portas para a lavagem de dinheiro, como observaram, por exemplo, autoridades do governo da província de Santa Fe. As medidas do governo Milei poderiam facilitar a lavagem de dinheiro do crime organizado.
O Fundo Monetário Internacional (FMI), através da porta-voz de Julie Kozak, disse que as autoridades argentinas tinham se comprometido a “fortalecer a transparência financeira e alinhar as medidas de luta contra a lavagem de dinheiro e o financiamento do terrorismo na Argentina, de acordo com as exigências internacionais”.
Nesta sexta-feira, o ministro Caputo disse que o pacote não ajudará as ações ilegais, afirmou que o FMI o parabenizou pelas medidas, mas alguns analistas dizem que ainda há dúvidas sobre como será o controle do dinheiro não declarado que poderá entrar no sistema financeiro.
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